Para proteger o Pantanal — maior planície alagável do planeta, com mais de 98 mil km² apenas em Mato Grosso do Sul — o Governo do Estado executa a Operação Pantanal 2025. A iniciativa envolve a instalação de bases avançadas do Corpo de Bombeiros Militar em áreas estratégicas e de difícil acesso, além de treinamentos especializados para o enfrentamento dos incêndios florestais.
Desde 2024, onze bases avançadas já foram implantadas, como parte do plano estadual de manejo integrado do fogo. Essas estruturas estão posicionadas em regiões historicamente afetadas por queimadas, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz ao surgimento de focos de calor.
Apoio direto às comunidades ribeirinhas
Na Barra do São Lourenço, próximo à Serra do Amolar e a cerca de 220 km de Corumbá, a base avançada se tornou um ponto de apoio essencial para a população local. Vicentina Íris de Souza, moradora da região, relatou como a presença dos bombeiros tem feito diferença no dia a dia. “Eles ajudam com tudo. Meu marido fez cirurgia e não pode cortar lenha, mas os bombeiros trouxeram motosserra e ajudaram. É uma maravilha ter eles por aqui”, afirmou.
As interações com a comunidade vão além da prevenção aos incêndios. Os militares oferecem ajuda em diversas tarefas do cotidiano ribeirinho, fortalecendo os laços de confiança e cooperação com os moradores do Pantanal.
Base estratégica evita desastre ambiental
A base da Serra do Amolar é considerada emblemática na Operação Pantanal. Em abril de 2024, sua atuação rápida impediu que um incêndio vindo do Mato Grosso devastasse a região. Graças à presença antecipada da equipe, a área atingida foi de apenas 9 hectares. Sem a base, o fogo poderia ter consumido mais de 200 hectares em apenas um dia.
De acordo com a tenente-coronel Tatiane Inoue, além de prevenir e combater incêndios, as bases fortalecem a educação ambiental e a relação com as comunidades locais. “A interação com os moradores é tão importante quanto qualquer estratégia. Isso faz toda a diferença”, explicou.
Infraestrutura preparada e mobilização rápida
Cada base conta com estrutura completa, incluindo água potável, geradores de energia, alimentação, local para recarga de drones e manutenção de equipamentos. O subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental, major Eduardo Teixeira, destaca que o tempo de resposta caiu pela metade: “Antes, o deslocamento levava de 7 a 8 horas. Agora, entre 3 e 4 horas conseguimos mobilizar as equipes”.
As bases são posicionadas estrategicamente levando em conta fatores como o histórico de queimadas, direção dos ventos e proximidade de rios, como os rios Paraguai, São Lourenço e Piquiri. Algumas delas também atuam na prevenção de incêndios transfronteiriços, inclusive os que se originam na Bolívia.
Educação e prevenção dentro das escolas
Na Escola Municipal Rural São Lourenço, no Alto Pantanal, os alunos também reconhecem o valor da presença dos bombeiros. Durante um incêndio em 2024, a unidade precisou ser evacuada por conta da fumaça. Alunas como Thaila de Jesus e Luiza Rodrigues destacam o alívio de saber que há socorro rápido disponível.
Os professores também reforçam a importância da presença constante dos militares. “Eles nos orientam, nos treinam para evacuar e nos ensinam a agir com segurança”, disse o professor Emílio Moraes.
Preparação constante e ajuda mútua
Além do combate a incêndios, os bombeiros realizam melhorias nas estruturas e ajudam a comunidade com o que for preciso — desde o transporte de madeira até o conserto de embarcações. O subtenente Leonardo Leite, nascido na região, reforça a conexão entre os bombeiros e os moradores: “Aqui a gente se ajuda. O pantaneiro é receptivo e sabe a importância de estar preparado”.
A Operação Pantanal 2025 segue avançando com o reforço de novas bases e integração cada vez maior entre as equipes militares e os habitantes da região. A presença constante dos bombeiros não apenas protege o bioma, mas também fortalece a segurança e o bem-estar das comunidades ribeirinhas.